São Luis Maria Grignion de Montfort

Eduardo Moura
6 min readApr 28, 2020

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É por Maria que procuro e que vou encontrar Jesus, que eu esmagarei a cabeça da serpente e vencerei todos os meus inimigos e a mim mesmo, para a maior glória de Deus”.

Neste dia de hoje, nós contemplamos o fiel testemunho de Luís que, ao ser crismado, acrescentou ao seu prenome o nome de Maria, devido a devoção dele a Virgem Maria, que permeou toda sua vida.

Nascido na França, no ano de 1673, de uma família muito numerosa, ele sentiu bem cedo o desejo de seguir o sacerdócio e, assim, percorreu o caminho dos estudos.

Como padre, São Luís começou a comunicar o Santo Evangelho e a levar o povo, por meio de suas missões populares, a viver Jesus pela intercessão e conhecimento de Maria. Foi grande pregador, homem de oração, amante da Santa Cruz, dos doentes e pobres; como bom escravo da Virgem Santíssima não foi egoísta e fez de tudo para ensinar a todos o caminho mais rápido, fácil e fascinante de unir-se perfeitamente a Jesus, que consistia na consagração total e liberal à Santa Maria.

São Luís já era um homem que praticava sacrifícios pela salvação das almas, e sua maior penitência foi aceitar as diversas perseguições que o próprio Maligno derramou sobre ele; tanto era assim que foi à Roma para pedir ao Papa permissão para sair da França, mas esse não lhe concedeu tal pedido. Na força do Espírito e auxiliado pela Mãe de Deus, que nunca o abandonara, São Luís evangelizou e combateu na França os jansenistas, os quais estavam afastando os fiéis dos sacramentos e da misericórdia do Senhor.

São Luís, que morreu em 1716, foi quem escreveu o “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”, que influencia ainda hoje, muitos filhos de Maria. Influenciou, inclusive, o saudoso Papa João Paulo II que, por viver o que São Luís nos partilhou, adotou como lema o Totus Tuus, Mariae, isto é, “Sou todo teu, ó Maria”.

O lema que inspirou a vida e o apostolado de São Luís Maria Grignion de Montfort resume-se em duas breves palavras: "Só Deus". Toda a sua existência – a ânsia de humilhações, desde muito cedo; o incansável ardor missionário, que o fez atravessar a pé grandes porções de terra; o amor à pobreza, que consagrou fazendo-se escravo de Maria Santíssima –, tudo apontava para o alto.

Para defender esse primado de Deus, São Luís não media palavras nem ficava "cheio de dedos": "Se a prudência consiste em não empreender nada de novo por amor de Deus e em não dar que falar, os Apóstolos cometeram um grande erro quando saíram de Jerusalém, São Paulo não devia ter viajado tanto nem São Pedro levantado a cruz no Capitólio", dizia. Contra o respeito humano, ele ostentava, com coragem, o seu terço e um grande crucifixo, com os quais partia em missão França afora, pregando, levantando cruzeiros e reconstruindo igrejas.

Fiel às palavras de Jesus – "Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me" –, não se gloriava em nada senão na Cruz de nosso Senhor. Assim como São Paulo que, tendo "muitas coisas grandiosas e divinas para recordar a respeito de Cristo, não disse que se gloriava dessas grandezas admiráveis (...), mas afirmou: "Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo", São Luís proclamava:

"Encontro-me mais que nunca empobrecido, crucificado, humilhado. Os homens e os demônios fazem-me uma guerra bem amável e bem doce. Que me caluniem, que escarneçam de mim, que despedacem a minha reputação, que me metam na cadeia: esses dons são preciosos para mim, esses manjares são deliciosos para mim! Ah! Quando serei crucificado e perdido para o mundo?"
Para seguir a Cruz, o próprio Luís fazia questão de pregar-se ao madeiro com Cristo. E indicava o mesmo caminho aos seus filhos: " Para nos despojar de nós mesmos, é preciso morrer todos os dias. (...) Se não morrermos para nós mesmos, e se as nossas devoções mais santas não nos levam a esta morte necessária e fecunda, não daremos fruto que valha". E advertia aos que chamava de "amigos da Cruz": "Tende bem cuidado para não admitir em vossa companhia os delicados e sensuais, que temem a menor picadela, que se queixam de mínima dor, que nunca provaram a crina, o cilício, a disciplina e, entre as suas devoções em moda, misturam a mais disfarçada e refinada delicadeza e falta de mortificação".

Devotíssimo da Virgem Maria, recebia seus favores desde a mais tenra infância. Na idade adulta, escreveu um livro no qual explicou, com piedade e clareza impressionantes, em que consiste o verdadeiro amor à Mãe de Deus. O hoje conhecido "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem" ficou desconhecido por vários séculos. Como São Luís mesmo previu em seu livro – "muitos animais frementes virão em fúria para rasgar com seus dentes diabólicos este pequeno escrito (...) ou pelo menos procurarão envolver este livrinho nas trevas e no silêncio duma arca, a fim de que não apareça" –, esta grande preciosidade permaneceu escondida por muito tempo.

Quando foi encontrada, porém, não só estimulou os fiéis a amarem mais Nossa Senhora, mas influenciou o magistério de pontífices como Leão XIII, São Pio X e, nos últimos anos, de São João Paulo II.

Nesta obra, São Luís responde com força aos escrupulosos: "Maria ainda não foi suficientemente louvada e exaltada, honrada, amada e servida. Merece ainda muito maior louvor, respeito, amor e serviço" [8]. E aponta com insistência ao fundamento desta devoção: "Se a Devoção à Santíssima Virgem afastasse de Jesus Cristo, deveríamos repeli-la como uma ilusão do demônio" . Mas, como pode a lua ofuscar o brilho do sol, se, ao contrário, é do próprio sol que vêm a sua glória e a sua majestade? Do mesmo modo, como pode Maria "obstruir" o caminho até Jesus, se é justamente em virtude d’Ele que Deus a preservou da mancha do pecado original e a cumulou de todas as graças? Se é justamente para melhor honrá-Lo e glorificá-Lo que se estabeleceu o seu culto na Igreja universal?

A devoção que ensinou São Luís não pretendia ser uma "nova revelação", mas simplesmente, nas palavras do próprio sacerdote francês, "uma renovação perfeita dos votos ou promessas do Santo Batismo". Recomendando a escravidão a Nossa Senhora, São Luís não pretendia criar uma "casta" de pessoas separadas e diferentes, mas tão somente apontar para as águas do Batismo, pelas quais todos aqueles que se tornam filhos de Deus devem passar; não pretendia inventar um caminho diferente, mas dar novo ânimo para que os fiéis pudessem trilhar a mesma estrada do Evangelho, rumo ao Calvário.

"Só Deus": isso basta. Eis a grande lição de São Luís de Montfort. Que ele nos ajude a amar, buscando a coroa de glória do Céu, mas sem rejeitar a coroa de espinhos que este "vale de lágrimas" nos reserva. Afinal, "nada existe que seja tão necessário, tão útil, tão doce ou tão glorioso quanto sofrer alguma coisa por Jesus Cristo".

São Luis Maria Grignion de Montfort, rogai por nós. Salve Maria!

Referências

• Henri Daniel-Rops, A Igreja dos tempos clássicos (I). São Paulo: Quadrante, 2000. p. 299 Lc 9, 23

• Santo Agostinho, Gloriemo-nos também nós na Cruz do Senhor!.

• Ofício das Leituras, Segunda-Feira Santa. Sermo Guelferbytanus 3: PLS 2, 545-546.

•Henri Daniel-Rops, A Igreja dos tempos clássicos (I). São Paulo: Quadrante, 2000. p. 299

• Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 81

•Carta aos Amigos da Cruz, n. 17

•Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 114

•Ibidem, n. 10 Ibidem, n. 62 Ibidem, n. 126

• Carta aos Amigos da Cruz, n. 20

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Ad maiorem Dei gloriam! — Minha missão é ensinar e, com o auxílio da graça de Deus, converter. Escritos de um católico sobre catequese e vida dos Santos.⚜️

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