O pacto das catacumbas

Eduardo Moura
6 min readOct 21, 2020

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Caros irmãos católicos, nas próximas linhas você encontrará uma sequência de acontecimentos que antecederam o famoso “pacto das catacumbas”, chegando até os seus efeitos reais na história da Igreja, que se perpetuam até os dias de hoje.

OS ANTECEDENTES

O pensamento “modernista” impregnado na Igreja Católica.
1 — Em primeiro de setembro de 1910, o Papa Pio X condenou o avanço de muitas organizações secretas modernistas no interior da Igreja, que tentavam disseminar suas opiniões contra a Tradição da Igreja: “Com efeito, estas pessoas não cessaram de buscar reunir em associação secreta novos adeptos, e de inocular com eles, nas veias da sociedade cristã, o veneno das suas opiniões, através da publicação de livros e opúsculos”. (PIO X, 1965, p. 655)

Faço referência a este fato para destacar que a Igreja sofreu pressões de organizações secretas, que buscavam disseminar seus “venenos”. 2 — No Concílio Vaticano II, temos um novo inimigo interno: os comunistas. Temos que levar em consideração que o CV II foi convocado no meio da Guerra Fria. Nesta guerra a U.R.S.S. buscava expandir sua influência dentro da Igreja Católica, com o objetivo de fazer com que os bispos se tornassem agentes políticos em prol da revolução.
Essa infiltração foi confirmada quando, em 21 de novembro de 1963, o seminário II Borghese publicava um artigo intitulado “Um Concílio Cheio de Espiões”. O artigo denunciava a participação de bispos poloneses no concílio como espiões em prol do regime comunista.
O trabalho destes bispos, segundo Roberto De Mattei (2010), foi fazer com que o Concílio não condenasse fortemente o comunismo. (Mais informações: DE MATTEI, Roberto. “O Concílio e o comunismo: uma história que não aconteceu” In. O Concílio Vaticano II: uma história nunca escrita, p. 417–428)

O PACTO DAS CATACUMBAS

“No dia 16.11.1965 cerca de 40 Padres Conciliares celebraram nas catacumbas de Domitila uma Eucaristia pedindo fidelidade ao Espírito de Jesus. Após essa celebração alguns deles firmaram o Pacto das Catacumbas”. Ver in: KLOPPENBURG, Boaventura (org.). Concílio Vaticano II. Vol. V, Quarta Sessão. Petrópolis: Vozes, 1966, 526–528.

O Documento assinado marcava um compromisso entre esses bispos de viverem a pobreza, renunciarem ao luxo e aos títulos, mudarem sua forma de se vestir, não usarem a cruz episcopal de ouro, adotarem o anel de tucum no lugar do anel episcopal, quebrando de maneira revolucionaria toda uma tradição católica, mas também de adotarem uma posição preferencial pelos pobres e lerem os documentos conciliares à luz de uma nova visão pastoral contrária ao magistério, a partir de 13 itens contidos nos documentos.

REVOLUÇÃO NA AMÉRICA LATINA

Os bispos brasileiros signatários do pacto foram Dom Antônio Fragoso, da Diocese de Crateús, Dom Francisco Austregésilo de Mesquita Filho da Diocese de Afogados da Ingazeira, Dom João Batista da Mota e Albuquerque, arcebispo de Vitória, monsenhor Luís Gonzaga Fernandes, sagrado bispo auxiliar de Vitória dias depois, Dom Jorge Marcos de Oliveira, da diocese de Santo André, Dom Helder Camara, arcebispo de Olinda e Recife, Dom Henrique Golland Trindade, OFM, arcebispo de Botucatu e Dom José Maria Pires, arcebispo da Paraíba.
Não temos como afirmar se algum desses recebeu influências de espiões da U.R.S.S., ou se eles eram membros de algum dos grupos secretos condenados por São Pio X.

O que sabemos é que a “nova visão pastoral” que esses bispos se comprometeram a propagar, resultou em uma visão totalmente materialista da fé, em uma ressignificação do papel da Igreja na América Latina e em uma nova leitura das Sagradas Escrituras.
Estes bispos foram responsáveis pela criação e desenvolvimento da Teologia da Libertação, uma das maiores heresias do noss tempo e de uma leitura marxista dos documentos conciliares, nas Conferências do CELAM em Medelín (1968) e Puebla (1979). O Pacto das catacumbas influenciou no desenvolvimento da Teologia da Libertação, que uniu o marxismo e o materialismo dialético histórico (sempre condenado pela Igreja, em especial pelo Papa São Pio X, e o Papa Bento XVI).

Por fim, o Pacto fez com que uma parte da Igreja Católica na América Latina lutasse por uma revolução, e não pelo reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A CRIAÇÃO DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

Nos anos 1950 e 1960, a maioria dos latino-americanos era pobre, camponeses religiosos que aceitavam o status quo, e Khrushchev, líder da URSS, estava confiante de que poderiam ser convertidos ao marxismo através de uma manipulação hábil da religião. Em 1968, a KGB conseguiu manobrar um grupo de bispos esquerdistas latino-americanos, fazendo-os sediar uma conferência em Medellín, na Colômbia. O propósito oficial da conferência era ajudar a eliminar a pobreza da América Latina. Sua meta não declarada era legitimar um movimento político criado pela KGB e apelidado de “teologia da libertação”, cuja missão secreta era incitar os pobres latino-americanos contra a “violência institucionalizada da pobreza, gerada pelos Estados Unidos. A KGB tinha uma queda por movimentos de “libertação”’. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o Exército de Libertação Nacional da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional da Bolívia são só uns poucos dos movimentos de “ libertação” nascidos na KGB. A Conferência de Medellín efetivamente endossou a teologia da libertação, e os delegados a recomendaram para o Conselho Mundial de Igrejas (WCC), a fim de obter aprovação oficial. O secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas, Eugene Carson Blake — ex-presidente do Conselho Nacional de Igrejas nos Estados Unidos -, endossou a teologia da libertação e a fez parte da agenda do WCC. Em março de 1970 e em julho de 1971, os primeiros congressos católicos latino-americanos dedicados à teologia da libertação ocorreram em Bogotá. Papa João Paulo II, que experimentara pessoalmente a perfídia comunista, denunciou a teologia da libertação na conferência de janeiro de 1979 do Conselho Episcopal Latino-Americano, sediado em Pueblo, no México: “Essa concepção de Cristo como uma figura política, um revolucionário, um subversivo de Nazaré, não corresponde de fato ao catecismo da lgreja”.
“Desinformação — Ion Mihai Pacepa”

Há algum tempo certos teólogos católicos na América Latina — principalmente jesuítas do período posterior à II Guerra Mundial — vinham desenvolvendo uma nova teologia. Eles a chamavam de Teologia da Libertação. Era um sistema apurado e cuidadosamente elaborado, mas seu princípio central é muito simples: todo o significado da Cristandade como religião se resume a uma conquista — a libertação de homens e mulheres, pela revolução armada e violenta se necessário, da escravidão econômica, social e política que lhes era imposta pelo capitalismo norte-americano; libertação essa a ser seguida pela instauração do “socialismo democrático”. Nesse sistema “teológico”, a chamada “opção” pelos economicamente pobres e politicamente oprimidos, tornou-se totalmente exclusiva: havia um inimigo — as classes capitalistas, média, superior e baixa, localizadas em sua maioria nos Estados Unidos. Só o “proletariado” — o “povo” — seria fomentado pela imposição do marxismo.
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O plano da teologia da libertação era perfeito. Ela incorporava o verdadeiro objetivo do marxismo-leninismo de que através da “luta de classes” marxista se obteria a liberdade de todo o domínio capitalista. E acima de tudo, o bebê marxista estava, finalmente, enrolado nos cueiros da velha terminologia católica. Palavras e frases carregadas de significado em favor do povo foram cooptadas e viradas de cabeça para baixo. O Jesus histórico, por exemplo, tornou-se um revolucionário armado. O Cristo místico transformou-se em todas as pessoas oprimidas, coletivamente. A Virgem Maria se tornou a mãe de todos os heróis revolucionários. A Eucaristia se transformou no pão feito livremente por operários liberados. O Inferno se tornou o sistema capitalista. O presidente americano, líder do maior país capitalista, passou a ser o Grande Satã. O Céu se tornou o paraíso terrestre dos trabalhadores, no qual fica abolido o capitalismo. Justiça passou a ser a extirpação dos lucros capitalistas, que seriam “devolvidos” ao povo, ao “corpo místico” de Cristo.
“Os Jesuítas e a traição à Igreja Católica — Malachi Martin.”

Notas:

  • “O Concílio e o comunismo: uma história que não aconteceu” In. O Concílio Vaticano II: uma história nunca escrita, p. 417–428)
  • (PIO X, 1965, p. 655)
  • KLOPPENBURG, Boaventura (org.). Concílio Vaticano II. Vol. V, Quarta Sessão. Petrópolis: Vozes, 1966, 526–528.
  • CARTA ENCÍCLICA PASCENDI DOMINICI GREGIS DO SUMO PONTÍFICE PIO X
  • Os Jesuítas e a traição à Igreja Católica — Malachi Martin
  • Desinformação — Ion Mihai Pacepa

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Eduardo Moura
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Written by Eduardo Moura

Ad maiorem Dei gloriam! — Minha missão é ensinar e, com o auxílio da graça de Deus, converter. Escritos de um católico sobre catequese e vida dos Santos.⚜️

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