O martírio dos santos inocentes a pedido do imperador Herodes o Grande.
Caros católicos, essa admirável festa instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com maior profundidade este tempo da Oitava do Natal. Desse modo, ao decorrer do texto, vamos observar que esta festa encontra o seu sublime fundamento nas Sagradas Escrituras.
Os chamados Santos Inocentes são aqueles meninos com menos de dois anos nascidos no vilarejo de Belém, na mesma época do nascimento do Menino Jesus. Eles foram mortos por ordens do rei Herodes “o Grande”. Este, temia que o Messias vivesse, chegasse à idade adulta e lhe roubasse o trono. Não se sabe o número exato desses pequeninos, mas sabe-se que eles morreram por causa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, os magos procuravam, a princípio, o rei Herodes, que vivia em Jerusalém, pois o mesmo tinha os enviado para encontrar o Messias em Belém. Porém, “encontraram o Menino Deus com Maria sua mãe envolto em um presepio, entre um boi e um jumento como profetizou o profeta, e prostrando-se, diante d’Ele adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes — ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra, pois o rei Herodes planejava um grande ataque contra o Santo Menino. Tendo eles partido, eis que um Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: ‘Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar’. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. Quando o rei Herodes percebeu que tinha sido enganado pelos magos, ficou bastante furioso com medo de perder seu trono, por isso ele enviou soldados a Belém com a missão expressa de matar todos os meninos com até dois anos de idade nascidos em Belém e nas proximidades. José porém permaneceu no Egito até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: ‘Do Egito chamarei o Meu Filho’. Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: ‘Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem’” (Mt 2,11–20) Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.
Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um “bispo”, estes cantorzinhos apoderavam-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o “derrubado” oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.
A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de “pequenos inocentes”: crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.
Salve Maria.
- Narração do martírio dos inocentes — (Mt 2,11–20)
- Profecia de Jeremias — (Jeremias 31,15)